JONAL DA IBIAPABA VERDADEIRAMENTE IMPARCIAL

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sábado, 1 de março de 2014

Para onde vai o dinheiro das cidades que cancelaram o Carnaval?

sábado, 1 de março de 2014

O curioso no noticiário sobre o cancelamento de festejos de Carnaval pelo Interior é a impressão de que não haver festa encerra o problema. Pelo contrário, é apenas o começo da questão. Afinal, alguém averiguou ou vai verificar se o dinheiro que seria usado na folia será redirecionado para combate a seca ou outras despesas emergenciais? O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que fez importante trabalho nesse sentido, estará atento a esse detalhe de onde a verba carnavalesca vai parar? Ou alguém tem dúvida de que esse dinheiro corre grande risco de se perder na vala comum dos recursos públicos e acabar cobrindo despesas corriqueiras, se duvidar as mais irrelevantes? Não será surpresa se os recursos que deixarão de ir para o Carnaval tiverem destinação bem menos nobre.

O ENTRETENIMENTO E O SUPÉRFLUO

Já escrevi algumas vezes sobre o incômodo que me causa quando gasto em cultura, lazer e entretenimento é tratado como supérfluo, que só é admitido quando todos os problemas possíveis e imagináveis são resolvidos. Nesse debate, às vezes fica parecendo que investir em Carnaval é desperdiçar dinheiro público, como se fosse maisena em mela-mela.
Claro que há extremos. Município em completo colapso por causa da seca, que dispensa licitações com base em decreto de emergência e no qual falta água para beber realmente não tem de gastar dinheiro público com folia em meio à desgraça. Prefeitura que está com pagamento de servidores atrasado também não há de ter cara para contratar banda de música. Não se pode, todavia, chegar ao extremo de querer cancelar o Carnaval no sertão inteiro porque é ano de seca.
O nível dos reservatórios que abastecem São Paulo está abaixo de 17%, é o menor da história e nem por isso alguém falou em cancelar o Carnaval. Em Olinda, durante muito tempo foi comum faltar água nessa época, mas também ninguém teve a ideia de mandar os turistas embora e cancelar o cortejo dos blocos. Hoje se monta esquema especial para garantir o abastecimento. Em Recife (PE), o problema só foi resolvido em dezembro de 2011, quando novo sistema foi concluído. Aliás, como tal situação já se viu no Ceará em outros anos, é uma ideia que fica aos agentes públicos: resolver o problema pode ser uma alternativa a cancelar o Carnaval. Nem tanto pela festa, evidentemente, mas por necessidade da população mesmo, no Carnaval e fora dele.

O CARNAVAL E O INTERIOR

Festa é bom, quem não tem dinheiro para pagar por ela também tem direito de usufruir, entretenimento é condição para qualidade de vida, mas há um problema pouco perceptível que envolve o cancelamento dos carnavais no Interior. O Ceará é um estado em que quase todo mundo que pode deixa seus municípios e se desloca para a Capital. Um feriado e quatro a cinco dias, com festas em Fortaleza e no litoral é um estímulo extra para esvaziar o Interior que já padece com a seca. Sem falar que, para muita gente hoje longe de casa, é uma das poucas oportunidades no ano de visitar a terra natal. Esse problema do esvaziamento do Interior e o desafio de fixar a população no sertão é mais sério do que se possa pensar e está no centro das explicações para muitas das mazelas no Estado. Pode não parecer, mas cancelar os carnavais por aí afora mexe muito com essas questões tão delicadas, do ponto de vista simbólico, afetivo e, também, bastante prático.

CID E O TCE

A coluna de ontem tratou da Ponte Estaiada em um tópico e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em outra. Junto hoje as duas coisas para comentar entrevista do governador Cid Gomes (Pros) que comentou justamente a avaliação do TCE sobre a obra. “Essa matéria também estará em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Acho que, se a gente consegue superar no Tribunal de Contas da União, creio que isso será superado aqui também no Tribunal de Contas do Estado (TCE)”.
O tom da fala do governador deixa claro que ele não quis ser desrespeitoso, mas acabou sendo, mesmo sem querer. É como se o TCE estivesse a reboque e, em termos de rigor, não fosse imaginável que implicasse com aquilo que o TCU entendeu ser regular. Uma vez que há no TCE vários indicados pela atual administração e outros com quem há boas relações, pode parecer que por aqui dá para ajeitar as coisas. Isso sem considerar que os aspectos que um e outro tribunal analisam não são idênticos.
Não é a primeira vez em que isso ocorre. Ainda no primeiro mandato de Cid, o TCE fez recomendações e críticas sobre as contas do governo. Cid disse que respeitava, mas discordava e, em suma, não acataria as sugestões. Depois que o assunto foi noticiado, o governador telefonou para o então presidente do TCE, Pedro Timbó, disse que suas declarações haviam sido distorcidas pela imprensa e que a coisa não era bem daquele jeito. Timbó fez-se de satisfeito, mas ficou com pulga atrás da orelha, uma vez que vários veículos de comunicação haviam publicado declarações idênticas – e, portanto feito a mesma confusão/distorção atribuída por Cid.

Fonte: O Povo

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