Postado por Junior Ximenes, em 10 de agosto de 2014
Na faixa etária até 12 anos, 97% podem ter estresse pós-traumático após enfrentar situação de guerra
Traumas emocionais diversos atingem pequenos palestinos
FOTO: REUTERS
O estresse pós-traumático, que consiste numa série de distúrbios de ansiedade relacionados às experiência de violência, pode ser tão devastador para as crianças que vivem atualmente em Gaza quanto uma epidemia.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Essex (Reino Unido), em 2004, com crianças recrutadas como soldados em guerrilhas de Uganda, mostrou que 97% delas foram afetadas por estresse pós-traumático e embora ainda seja cedo para dizer em que medida os ataques do exército israelense afetarão meninos e meninas que crescem em Gaza, já é possível ter uma dimensão do desafio de recuperá-los emocionalmente, a partir do relato de profissionais que conhecem a situação palestina de perto.
Em Gaza, de acordo com o Unicef, morreram de 8 de julho a 8 de agosto, 448 crianças, algumas delas, inclusive em escolas mantidas pelo órgão.
A Mestre em Psicologia e professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Christina Sutter, observa que "as famílias palestinas sofrem há anos um terrorismo de Estado". "Eu conheço psicólogos que foram trabalhar lá e contaram que as crianças vivem com medo por ameaças de bombas, rasantes de aviões, tiros. Essas crianças vivem com pesadelos. As famílias precisam de apoio psicológico, mas temem até sair de suas casas, com medo", relatou.
O filho de Christina, o estudante Karim Sutter Dieth, quis apresentar essas visões sobre a realidade palestina e sobre o mundo islâmico a outros adolescentes de sua escola.
"Na minha sala (1º ano B) tive a oportunidade de mostrar a verdadeira face dos Islamismo e junto com meu professor de história, Harrison Jean Macfly, falamos do que ocorre na Palestina e do abuso de Israel (...) Estou muito empolgado e feliz com o projeto, acredito que alguns jovens têm interesse no assunto, mas os que não se interessam, justamente estes, é que precisam de um empurrãozinho", avalia Karim.
Trauma de TV
Já a consultora em Relações Internacionais e ativista da ONG Al-Wafaa Compaign, Karine Garcêz, cearense que esteve em Gaza em 2012, alerta que "os danos psicológicos são inevitáveis, muitas crianças têm trauma de TV devido às imagens que viram dos ataques, algumas têm dificuldades para dormir, a infraestrutura é precária, porém as escolas procuram ser o melhor ambiente para elas". Convertida ao Islã, ela planeja voltar em missão humanitária. Karine relata que "há muitas crianças órfãs de pai, que foram mortos nos ataques (...). Há um relatório de um psicólogo de Gaza que estudou os efeitos da ocupação e dos ataques sobre crianças e adolescente e ele identificou a falta de vontade de viver delas".
Adriano queiroz
Repórter
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Fonte: Diário do Nordeste
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